Em 2008, Ringo Starr concedeu uma entrevista ao jornalista Larry King, no programa Larry King Live, da CNN, em razão dos 68 anos que completara. E de King ouviu a seguinte pergunta:
- Você acha que os Beatles seriam um sucesso hoje?
- Claro – respondeu.
- Boa música é boa música – emendou King.
- Ei, eu te digo, a molecada de hoje não nos conhecem realmente, mas eles conhecem a música. Você sabe, eles ainda estão ouvindo e dizendo “uau”! Você fala com qualquer banda nova, e a maioria delas está, atualmente, ouvindo o que fizemos.
O que, “torcendo o nariz” ou não, é uma referência vital quem quer entender de música.
“In caritas et in dolorem” – “no amor e na dor”.
Sendo que da dor se tratará ao término desse artigo.
Quanto ao amor... Ou, pelo menos, uma faceta dele... Bem, ele está no fato de que cada disco dos Beatles tem um conceito autônomo.
Tanto que, se eles tivessem lançado cada álbum com uma razão social distinta, só um ouvinte atento se ateria ao fato.
E, com base nessa característica, é difícil sobrepor um LP ao outro.
Ou até misturá-los.
Por isso é que alguns músicos preferem manter a integridade de cada qual ao interpretá-los.
Como ocorreu, em 2018, no palco do Youtube Space NY, que fica no bairro de Chelsea, em Nova Iorque. Quando, em comemoração a outro aniversário – o dos 50 anos do White Album, que os Beatles lançaram em 22 de novembro de 1968 –, a cantora Morgan James regravou o afamado disco.
Morgan James que nasceu na cidade Boise, em Idaho, nos Estados Unidos da América, em 1981. E que amadureceu musicalmente, durante os anos 2010, quando atuou em vários musicais, nos teatros da Broadway.
E, por isso, se aproveitou do peso dessa bagagem para interpretar as canções com uma linguagem própria.
Ao lado tendo os arranjos (familiares) do guitarrista Doug Wamble.
Pois Wamble produzira o álbum “Hunter”, que Morgan lançou em 2016.
Ademais, a apresentação, de 2008, foi dirigida por Ian Wexler.
Wexler que colocou Noel Carey para ilustrar as canções, com uma Apple Pencil, sobre o ilimitado espaço da tela de um iPad, durante a gravação.
Numa alusão ao documentário “O Mistério de Picasso”, que foi dirigido por Henri-Georges Clouzot e veiculado em 1956.
Assim, trafegando pelas 30 músicas do álbum. Incluindo (só para não passar batido) uns segundos da famigerada #9. Uma colagem sonora que saiu mais da cabeça de Yoko Ono do que da de John Lennon. Já que um sujeito que compôs “I’m So Tired” jamais teria disposição para tal. Conquanto que para uma mulher que se classificava como uma artista plástica e ficou mais conhecida por ter acabado com a melhor banda de todos os tempos do que pelas instalações e performances que chamava de arte é, perfeitamente, cabível. Fazendo com que a faixa que é alcunhada de “número nove” se torne a única música de “nota zero” dos Beatles.