Em
1984, o autor norte-americano William Gibson publicou “Neuromancer”. O primeiro
livro da sua afamada “Trilogia do Sprawl”. Ao qual se somam “Count Zero”, de
1986, e “Mona Lisa Overdrive”, de 1988. E que serviu de matéria-prima para
outra tríade. Uma franquia cinematográfica em que cada película foi dirigida
pelas irmãs Wachowski. Com “Matrix”, em 1999, “Matrix Reloaded”, em 2003, e
“Matrix Revolutions”, também, no mesmo ano.
Ademais,
em 1991, no Brasil, o romance foi lançado pela “Editora Aleph”. Trazendo a
concepção tecnológica do “Universo” de Gibson para a língua portuguesa. Um
“Universo” mascarado pela metafórica égide de um conceito que foi anglicizado
pelo nome de “Cyberpunk”. Posto que, nele, o “Plano Astral” é representado pela
“Matrix”; enquanto a cidade de “Chiba” equivale a um aspecto decadente do
“Plano Material”. Como uma versão pós-moderna da “Rua Santa Efigênia”. Onde,
por um aprazível preço, se tem acesso ao que há de mais sofisticado.
Todavia,
em estado mundano, o humano é definido por Samael Aun Weor como uma “máquina
adormecida”. Atado a um estágio em que, como, certa vez, exemplificou Rav
Ashlag, seus desejos não se diferem dos de outros animais. O que, na cisão
entre fracos e fortes, gerou o termo “massa de manobra”. Que discrimina um
adestramento coletivo. Em que se faz o escambo entre uma ação e um agrado.
Fomentando
uma confusa fusão entre “ideal” e “sonho”. Ao se injetar na solidez da ideia as
fraquezas concernentes à instabilidade dos devaneios psíquicos que peregrinam
pelo pensamento de quem dorme.
Logo,
a “Matéria” se torna o asilo de entidades que abdicam da polivalência de uma
existência alienígena em prol da ambivalência terrena.
Doravante,
no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, que, em 1864, foi escrito por Allan
Kardec, há uma análise da frase seguinte: “Há muitas moradas na casa de meu
Pai”. Um período atribuído à “Fábula de Cristo”. E que trata do que Kardec
nomina de “Diferentes Estados da Alma na Erraticidade”. Cuja conclusão é a de
que a “casa de Deus” é o “Universo”. Não havendo, por tanto, meios para se
afastar ou se afeiçoar à Divindade. Mas sim, de vibrar em uma frequência que
permita o acesso a outras “dependências” do cosmo.
Por
isso é que Case – o protagonista da trama – atua como uma espécie de “médium
‘high tech’”. Abrindo os portais do “Ciberespaço”. E, assim, captando
experiências que tendem a fortalecer àquele que se disponha a assimilá-las, e
sobreviver com mais conforto. Para, então, ascender a outro nível de
existência. Não se condenando a reiniciar tudo a toda vez que o jogo gora. Como
o prisioneiro de um perpétuo pesadelo.