Em
seu quarto, Jerônimo Jacmel entrou. E, se valendo da luz proveniente da sala,
não colidiu com obstáculo algum. Como a quina da cama, a bola e o gato.
Alcançando, assim, a mesa. Onde colocou um prato com sanduíche de jamon, que
sua mãe lhe prepara, e uma lata com cerveja. Então, acendeu a luminária, que
ficava ao lado do computador, e colocou uma carteira azul de cigarros e um
isqueiro junto a ela. Depois, fechou e porta, ligou o ventilador de pedestal e
abriu a janela guilhotina. Salgando os pulmões com o forte cheiro da maresia.
Sem mais, despiu-se; ficando apenas de samba-canção. Então, da sua carteira de
Natural American Spirit um cigarro tirou, pegou o isqueiro, voltou para junto
da janela e o acendeu.
Quando,
no apartamento do prédio ao lado, então, uma chama surgiu. Dando forma às
delicadas extremidades de um rosto e a um razoável par de seios.
Ademais,
Jerônimo foi até um pôster, em que o Neto comemorava um gol, acendeu a vela de
um candelabro, que estava sobre um piano de parede, e, telepaticamente, enviou
bons pensamentos para seu ídolo de infância. Em seguida, pegou o cinzeiro de
cobre, que estava ao lado do candelabro, e o levou à mesa. Junto à qual se sentou.
Ligou o computador, acessou a internet e, com o apelido de “Rapagão 25”, entrou
em uma sala de bate-papo. Onde interagiu com algumas mulheres, até se entrosar
com a “Mestiça Ninfa”.
Com
a qual trocou uma ideia, até ser questionado sobre o que teria a oferecer a uma
fêmea.
Dando
o termo “enorme coração” como resposta.
O
que ela julgou, a priori, se tratar apenas de um depoimento.
Até
que ele disse que procurava por uma mulher que pudesse abrigá-lo.
Que
ela retrucou com sarcasmo.
Mas
ele desconversou.
E,
a fim de saber qual era a dele, ela resolveu ser agressiva e perguntou se, por
acaso, estaria teclando ela com o “garanhão da internet”.
O
que ele negou. Posto que era virgem. E pretendia continuar sendo, até o fim de
seus dias. Visto que tinha o receio de entrar em uma vulva e se machucar.
Todavia,
a “encasquetando”.
Logo,
com o fim de entendê-lo, pediu para dialogar com ele por telefone.
E,
assim, como Gao ela se identificou. Uma sino-brasileira que, aos 28 anos, vivia
da odontologia. Era boa de papo, solteira e sem namorado – devido a uma razão
não aparente.
Ademais,
em uma conversa que se estendeu pela madrugada, ela não conseguiu crer que um
jovem de 18 anos, estudante de letras, tão bem culto e articulado não tenha
cultivado um relacionamento completo com uma mulher de verdade. E, por isso,
pediu para confrontá-lo em um lugar público.
Para
tal, sendo eleita a Praça Vicente de Carvalho, em São Vicente.
Dado
que, na Praça Vicente de Carvalho, através de uma gigantesca ação de marketing,
a cervejaria Frydenlund promovia sua marca. Aproveitando o ensejo da
Oktoberfest para fechar o triângulo formado pelas ruas Pero Vaz de Caminha,
Doutor Júlio Prestes e a que, por não ter nome, algum pilantra batizou de
Amanda Angorá e cercá-la com várias barracas. Algumas, comercializando roupas
folclóricas, outras, acepipes da culinária alemã, e, muitas, se dedicando,
exclusivamente, à venda de cerveja. E, todas, alimentando o “biergarten” que a
praça sediava. Com loiras lindas e peitudas – cada qual trajada com seu devido
“dirndlewand” – conduzindo canecas com litros e litros de “suco de cevada” para
as grandes mesas de madeira, onde os “bebuns” “manguaceavam” sem parar.
Para
que se reconhecessem, Jerônimo vestiu uma calça de brim azul e uma camisa US
Top vermelha. E Gao utilizou um penteado inspirado no que Audrey Hepburn, no
papel de Holly Golightly, usou na película “Bonequinha de Luxo” e um vestido
negro – que era fechado, pelos flancos, com grandes botões; e cuja saia larga a
ajudaria a lidar com os efeitos colaterais da cerveja.
Todavia,
o duo se sentou em uma mesa periférica e pediu duas canecas com cerveja de
trigo e uma porção de lascas de joelho de porco e batata bolinha.
Durante
o correr da noite, entre um gole e outro, o papo passou por vários estágios.
Começando animado; com ele falando de que gostava de passar suas tardes de
sábado na Praia do Embaré. Então, se tornou sério; com ela dizendo que tinha
insônia. Posteriormente, ficou sereno; com ele recomendando uma massagem. E
sinistro; com ela querendo saber da sua aversão ao sexo.
Que
Jacmel esclareceu, ao dizer que o coito não lhe causava asco. Até porque
gostava de se masturbar. Acrescentando que o imbróglio estava na anatomia da
mulher. Com exceção dos peitos e da bunda. Que lhe serviam como uma farta fonte
de inspiração. E sim, na vagina. A qual lhe era feia, fedida e peluda. Como se
alguém tivesse lhe arrancado a pica e deixado os restos do escroto. Um esgoto!
Que lhe suscitava o receio de entrar e se estrepar.
Provocando
o riso de Gao. Com a consequente explanação, com um tom um tanto jocoso, em que
discorreu sobre o fato de que a boceta não mordia.
Entretanto,
Jacmel deixou claro que não tinha a intenção menor de saber se ela possuía
dentes ou não. E que, com o debate se tornara constrangedor, pagaria a conta e
iria embora.
Na
noite seguinte, Jerônimo estava diante da janela do seu quarto. Como sempre,
salgando seus pulmões com a maresia. E o cigarro, então, acendeu.
Logo,
na janela do prédio ao lado, o manto da escuridão foi rasgado por uma pequena
labareda.
Depois,
pôs fogo na vela do candelabro, enviou boas ideias ao Neto, pegou o cinzeiro e
se sentou na frente do computador. O ligou, acessou a internet e entrou na sala
de bate-papo. Onde, imediatamente, da Mestiça Ninfa recebeu a mensagem que
dizia: “espere”.
E
o telefone tocou.
Ao
atendê-lo, ouviu de Gao um longo monólogo. Em que ela externou toda sua
preocupação com a saúde psicológica dele. Disposta estando a ofertar-lhe o
corpo, com o fim de ajudá-lo.
Porém,
ele declinou.
No
outro dia, então, com o intuito de apreciar umas bundas, Jerônimo foi à Praia
do Embaré. Ficando sempre de olho nas mulheres que tinham filhos. Pois, a toda
hora, tinha uma se agachando para dar alguma assistência ao rebento.
Quando
um “ei” chamou sua atenção de volta para a realidade. Que era tão apetitosa
quanto a paisagem.
Até
porque, para quem olhava de longe, ela a ela se fundia.
Pois,
nela, Gao trajava (ou escondia nas cavidades do corpo) um minúsculo biquíni
vermelho.
E,
da esteira onde estava sentada, pediu para que Jerônimo lhe cobrisse com o
protetor solar. Deitando-se de bruços, a fim de dissuadi-lo de qualquer
tentativa de fugir da missão.
O
que funcionou.
E,
assim, ele se entreteve com o entretenimento dela. Ao lhe esfregar até as reentrâncias
em que o Sol não batia.
Então,
ela se virou e o deixou, inicialmente, lhe apalpar os seios. Em seguida, a
barriga. E, por fim, lhe deslizar a mão por baixo da calcinha.
Em
um trajeto em que sentiu que os pelos, recém-aparados, estavam encharcados de algo
mais do que suor.
Sendo
que, em resposta, Gao segurou a ereção que inflava a sunga de Jerônimo.
Entendendo, finalmente, a razão de ele utilizar o número 25 em seu apelido de
internet. E, por fim, pediu para que ele a levasse para casa dela.
Lá,
o duo desfrutou de um refrescante momento de intimidade, sob a paz de uma
gostosa ducha.
Depois,
foram para a cama.
Que
se tornou o palco de Gao.
A
qual se arreganhou toda para ele.
Que,
como um cruzado pornô, apontou a pica para a vagina dela e, como um cabaço, não
conseguiu atacar.
Porém,
ela não era de se dar por vencida. Por isso, o fez se deitar e montou na ereção
dele. Que ainda estava latente. E, com a boceta, mascou o membro de Jerônimo.
Até
que, enfim, com deleite, ele conseguiu ejacular.
Então,
ela se deitou e, em companhia dele, tirou um saudável sono.
E,
um tempo depois, se vestiram e recuperaram as forças com um pudim de leite em
pó, que ela tinha na geladeira.
Consequentemente,
disse-lhe Gao que estava feliz com a conquista dele. Mas que ele não poderia
depender do empenho dela para sempre. Portanto, seria melhor que não mais se
encontrassem.
Ao
que ele consentiu.
Por
fim, Jerônimo deixou o prédio em que Gao morava e avistou o véu dourado que o
Sol de fim de tarde jogava sobre a Praia do Gonzaga.
Então,
atravessou a rua.
E,
assim que pisou no passeio, se deparou com um amigo que o procurava, para
jogarem um futebol. Contudo, Jerônimo o convidou para beber um chope. Já que
carecia de se hidratar. Pois acabara de enganar outra otária.