quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O GARANHÃO DA INTERNET

            Em seu quarto, Jerônimo Jacmel entrou. E, se valendo da luz proveniente da sala, não colidiu com obstáculo algum. Como a quina da cama, a bola e o gato. Alcançando, assim, a mesa. Onde colocou um prato com sanduíche de jamon, que sua mãe lhe prepara, e uma lata com cerveja. Então, acendeu a luminária, que ficava ao lado do computador, e colocou uma carteira azul de cigarros e um isqueiro junto a ela. Depois, fechou e porta, ligou o ventilador de pedestal e abriu a janela guilhotina. Salgando os pulmões com o forte cheiro da maresia. Sem mais, despiu-se; ficando apenas de samba-canção. Então, da sua carteira de Natural American Spirit um cigarro tirou, pegou o isqueiro, voltou para junto da janela e o acendeu.
            Quando, no apartamento do prédio ao lado, então, uma chama surgiu. Dando forma às delicadas extremidades de um rosto e a um razoável par de seios.
            Ademais, Jerônimo foi até um pôster, em que o Neto comemorava um gol, acendeu a vela de um candelabro, que estava sobre um piano de parede, e, telepaticamente, enviou bons pensamentos para seu ídolo de infância. Em seguida, pegou o cinzeiro de cobre, que estava ao lado do candelabro, e o levou à mesa. Junto à qual se sentou. Ligou o computador, acessou a internet e, com o apelido de “Rapagão 25”, entrou em uma sala de bate-papo. Onde interagiu com algumas mulheres, até se entrosar com a “Mestiça Ninfa”.
            Com a qual trocou uma ideia, até ser questionado sobre o que teria a oferecer a uma fêmea.
            Dando o termo “enorme coração” como resposta.
            O que ela julgou, a priori, se tratar apenas de um depoimento.
            Até que ele disse que procurava por uma mulher que pudesse abrigá-lo.
            Que ela retrucou com sarcasmo.
            Mas ele desconversou.
            E, a fim de saber qual era a dele, ela resolveu ser agressiva e perguntou se, por acaso, estaria teclando ela com o “garanhão da internet”.
            O que ele negou. Posto que era virgem. E pretendia continuar sendo, até o fim de seus dias. Visto que tinha o receio de entrar em uma vulva e se machucar.
            Todavia, a “encasquetando”.
            Logo, com o fim de entendê-lo, pediu para dialogar com ele por telefone.
            E, assim, como Gao ela se identificou. Uma sino-brasileira que, aos 28 anos, vivia da odontologia. Era boa de papo, solteira e sem namorado – devido a uma razão não aparente.
            Ademais, em uma conversa que se estendeu pela madrugada, ela não conseguiu crer que um jovem de 18 anos, estudante de letras, tão bem culto e articulado não tenha cultivado um relacionamento completo com uma mulher de verdade. E, por isso, pediu para confrontá-lo em um lugar público.
            Para tal, sendo eleita a Praça Vicente de Carvalho, em São Vicente.
            Dado que, na Praça Vicente de Carvalho, através de uma gigantesca ação de marketing, a cervejaria Frydenlund promovia sua marca. Aproveitando o ensejo da Oktoberfest para fechar o triângulo formado pelas ruas Pero Vaz de Caminha, Doutor Júlio Prestes e a que, por não ter nome, algum pilantra batizou de Amanda Angorá e cercá-la com várias barracas. Algumas, comercializando roupas folclóricas, outras, acepipes da culinária alemã, e, muitas, se dedicando, exclusivamente, à venda de cerveja. E, todas, alimentando o “biergarten” que a praça sediava. Com loiras lindas e peitudas – cada qual trajada com seu devido “dirndlewand” – conduzindo canecas com litros e litros de “suco de cevada” para as grandes mesas de madeira, onde os “bebuns” “manguaceavam” sem parar.
            Para que se reconhecessem, Jerônimo vestiu uma calça de brim azul e uma camisa US Top vermelha. E Gao utilizou um penteado inspirado no que Audrey Hepburn, no papel de Holly Golightly, usou na película “Bonequinha de Luxo” e um vestido negro – que era fechado, pelos flancos, com grandes botões; e cuja saia larga a ajudaria a lidar com os efeitos colaterais da cerveja.
            Todavia, o duo se sentou em uma mesa periférica e pediu duas canecas com cerveja de trigo e uma porção de lascas de joelho de porco e batata bolinha.
            Durante o correr da noite, entre um gole e outro, o papo passou por vários estágios. Começando animado; com ele falando de que gostava de passar suas tardes de sábado na Praia do Embaré. Então, se tornou sério; com ela dizendo que tinha insônia. Posteriormente, ficou sereno; com ele recomendando uma massagem. E sinistro; com ela querendo saber da sua aversão ao sexo.
            Que Jacmel esclareceu, ao dizer que o coito não lhe causava asco. Até porque gostava de se masturbar. Acrescentando que o imbróglio estava na anatomia da mulher. Com exceção dos peitos e da bunda. Que lhe serviam como uma farta fonte de inspiração. E sim, na vagina. A qual lhe era feia, fedida e peluda. Como se alguém tivesse lhe arrancado a pica e deixado os restos do escroto. Um esgoto! Que lhe suscitava o receio de entrar e se estrepar.
            Provocando o riso de Gao. Com a consequente explanação, com um tom um tanto jocoso, em que discorreu sobre o fato de que a boceta não mordia.
            Entretanto, Jacmel deixou claro que não tinha a intenção menor de saber se ela possuía dentes ou não. E que, com o debate se tornara constrangedor, pagaria a conta e iria embora.
            Na noite seguinte, Jerônimo estava diante da janela do seu quarto. Como sempre, salgando seus pulmões com a maresia. E o cigarro, então, acendeu.
            Logo, na janela do prédio ao lado, o manto da escuridão foi rasgado por uma pequena labareda.
            Depois, pôs fogo na vela do candelabro, enviou boas ideias ao Neto, pegou o cinzeiro e se sentou na frente do computador. O ligou, acessou a internet e entrou na sala de bate-papo. Onde, imediatamente, da Mestiça Ninfa recebeu a mensagem que dizia: “espere”.
            E o telefone tocou.
            Ao atendê-lo, ouviu de Gao um longo monólogo. Em que ela externou toda sua preocupação com a saúde psicológica dele. Disposta estando a ofertar-lhe o corpo, com o fim de ajudá-lo.
            Porém, ele declinou.
            No outro dia, então, com o intuito de apreciar umas bundas, Jerônimo foi à Praia do Embaré. Ficando sempre de olho nas mulheres que tinham filhos. Pois, a toda hora, tinha uma se agachando para dar alguma assistência ao rebento.
            Quando um “ei” chamou sua atenção de volta para a realidade. Que era tão apetitosa quanto a paisagem.
            Até porque, para quem olhava de longe, ela a ela se fundia.
            Pois, nela, Gao trajava (ou escondia nas cavidades do corpo) um minúsculo biquíni vermelho.
            E, da esteira onde estava sentada, pediu para que Jerônimo lhe cobrisse com o protetor solar. Deitando-se de bruços, a fim de dissuadi-lo de qualquer tentativa de fugir da missão.
            O que funcionou.
            E, assim, ele se entreteve com o entretenimento dela. Ao lhe esfregar até as reentrâncias em que o Sol não batia.
            Então, ela se virou e o deixou, inicialmente, lhe apalpar os seios. Em seguida, a barriga. E, por fim, lhe deslizar a mão por baixo da calcinha.
            Em um trajeto em que sentiu que os pelos, recém-aparados, estavam encharcados de algo mais do que suor.
            Sendo que, em resposta, Gao segurou a ereção que inflava a sunga de Jerônimo. Entendendo, finalmente, a razão de ele utilizar o número 25 em seu apelido de internet. E, por fim, pediu para que ele a levasse para casa dela.
            Lá, o duo desfrutou de um refrescante momento de intimidade, sob a paz de uma gostosa ducha.
            Depois, foram para a cama.
            Que se tornou o palco de Gao.
            A qual se arreganhou toda para ele.
            Que, como um cruzado pornô, apontou a pica para a vagina dela e, como um cabaço, não conseguiu atacar.
            Porém, ela não era de se dar por vencida. Por isso, o fez se deitar e montou na ereção dele. Que ainda estava latente. E, com a boceta, mascou o membro de Jerônimo.
            Até que, enfim, com deleite, ele conseguiu ejacular.
            Então, ela se deitou e, em companhia dele, tirou um saudável sono.
            E, um tempo depois, se vestiram e recuperaram as forças com um pudim de leite em pó, que ela tinha na geladeira.
            Consequentemente, disse-lhe Gao que estava feliz com a conquista dele. Mas que ele não poderia depender do empenho dela para sempre. Portanto, seria melhor que não mais se encontrassem.
            Ao que ele consentiu.
            Por fim, Jerônimo deixou o prédio em que Gao morava e avistou o véu dourado que o Sol de fim de tarde jogava sobre a Praia do Gonzaga.
            Então, atravessou a rua.
            E, assim que pisou no passeio, se deparou com um amigo que o procurava, para jogarem um futebol. Contudo, Jerônimo o convidou para beber um chope. Já que carecia de se hidratar. Pois acabara de enganar outra otária.

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