No
Shar Pei Restaurante, no bairro do Embaré, a cúpula da Cachalote FM – uma das
rádios mais populares de Santos –, se reuniu, para um jantar de
confraternização.
Inicialmente,
forrando o estômago com uma pornográfica porção de pato laqueado e se
refrescando com “trocentas” garrafas de Ringside Red.
Então,
ao pegar o biscoito da sorte, se recordou Jerônimo Jacmel – seu principal
redator – de um livro que ganhara de Sorina – sua colega de conúbio –: “Os
Tolos Morrem Antes”, de autoria de Mario Puzo.
Dado
que, em um momento da trama, também, em um restaurante chinês, Eddie Lancer, o
redator-chefe da Everyday Magazines, advertiu John Merlyn, um escritor
pilantra, sobre o fato de que não se deve comer a iguaria.
Mas
não esclareceu o motivo.
E
como o estrabismo entre superstição e etiqueta resultaria no mesmo fim,
resolveu Jerônimo apenas se apropriar do papelote que continha, no verso, os
números que poderiam ser utilizados em um volante lotérico e, na frente, a
seguinte mensagem: “A luz lhe virá do céu”.
Então,
na hora da “sobremesa”, decidiram dividir os “pratos” por meio da brincadeira
de “amante secreto”.
Na
qual, o câmbio fariam entre as namoradas, esposas, amantes ou qualquer mulher com
que se cultivasse algum tipo de relação. Também sendo incluídas a filha, a irmã
e a mãe – contanto que a velha estivesse em bom estado.
Todavia,
como Sorina se resumia a sua tradicional trepada de quinta, Jerônimo optou por
levar a filha do seu vizinho.
Uma
potranca de dezesseis anos que, há um tempo, ele paquerava.
Dotada
sendo de um par de tetas e uma bunda sui-generis. Posto que ainda não havia
nascido um cirurgião-plástico que pudesse replicá-los.
Mas
que Jacmel estava cansado de beijar.
Pois
ela era virgem.
E,
cada vez que a levava a um motel, era um “Deus nos acuda”, na hora de tentar
convencê-la a abrir as pernas.
Logo,
como um presente de grego (ou uma “chana de Troia”), ele decidiu pô-la na roda.
Outorgando, assim, a outro a tarefa de lhe tirar o “lacre”.
Sem
mais, pediram ao garçom um balde para gelo. Depois, escreveram os nomes das
fêmeas em guardanapos, que foram dobrados, até que se assemelhassem a pequenos
cubos, e os jogaram dentro dele. Então, cantaram “Bunda Boa”, das Velhas
Virgens, e o chacoalharam, até que a canção se encerrasse. Colocando-o, no fim,
sobre a mesa, para que cada macho retirasse o seu.
Ficando
Jerônimo com o de Célia.
Uma
loira de “primeira divisão”. Que aparecia na televisão, costumeiramente, dando
dicas sobre o aperfeiçoamento da beleza. Dentre as tais se destacando a de que,
como ela, toda mulher deveria somente se bronzear à luz do luar.
Fora
isso, ela gostava, também, de ser chamada de Céu.
Então,
Jerônimo a pegou pela mão e, ao sentir sua aveludada pele, desandou a
transpirar. Pensando, a todo instante, se, debaixo da jaqueta e do short de
nylon na cor violeta, que lhe cobriam a leitosa tez, escorria algum fluído.
Mas, logo, perdia o raciocínio, ao sentir o forte perfume de canela que exalava
dela.
E,
sem mais, ele a levou à praia.
Onde
se ambientou com o corpo de Céu, enquanto ela externou o interesse de se
apropriar do dele.
Escolhendo,
assim, a “alcova das sereias” para consumar o cio.
Porém,
estava a temperatura da água aquém do que lhes proporcionaria um mínimo de
conforto.
Quando
um surfista que fumava um cigarro de maconha e carregava uma prancha, cujo
branco perolado ostentava a logomarca do Aerosmith, passou. E, em função de uma
proposta irrecusável que Jerônimo lhe fez, seguiu sem o seu transporte
aquático.
Assim,
sob o “tapete voador do mar”, o casal acasalou.
Por
fim, Céu emprestado pediu o guardanapo que continha o seu nome e limpou dos
seus pelos pubianos o excesso de secreção que os empapava. Calçou o short e se
mandou.
Quando
a atenção de Jerônimo chamada foi por ruídos similares aos de bombas, que
ecoavam pelo firmamento.
Onde
um objeto voador não identificado era caçado por caças, que atiravam,
ininterruptamente.
E,
sem mais, algo caiu; formando uma cratera na areia.
Uma
cratera em que, munido da lanterninha do seu chaveiro, Jerônimo entrou.
Encontrando
um intacto cofre. Que examinou, minuciosamente. A fim de avistar algo que lhe desse
um indício da sua procedência. O que não demorou. Já que constatou que se
tratava de um produto oriundo do planeta Terra ao encontrar a frase “Made In
China” em um canto dele. Ademais, matutou um pouco e se lembrou do papelote que
recheava o seu biscoito. Pegou-o e digitou os números do seu verso no teclado
dele. Que se abriu. Então, segurou a lanterninha com os dentes e se pôs a vasculhá-lo.
Achando maços e mais maços de notas de cem dólares e um misterioso cristal.