Basta uma lua cheia e uma chuva para que os moradores do litoral sul do Estado de São Paulo calcem suas galochas e esperem por, pelo menos, um pouco de criatividade por parte das autoridades na hora de escutarem as desculpas de sempre.
Que poderiam ser trocadas por um nome: Holanda.
No original, Nederland – a “Terra Baixa”. Pois seu território, como uma cratera, está assentado abaixo da linha do mar e, como cá, sujeito às mesmas intempéries.
Dado que em Amsterdã, sua capital, há o bairro de IJburg – composto por 03 ilhas artificiais – que, construído foi sobre o lago IJmeer. Tendo, dentre elas, a Steigereiland – ou Ilha dos Ancoradouros. Um agrupamento de casas aquáticas.
A casa aquática – ou waterwoningen –, projetada pela Marlies Rohmer – um escritório de arquitetura –, é um híbrido de lar com barco. Pois como alicerce tem um tanque de concreto que fica sobre uma estrutura de madeira, revestida com fibra de vidro. E atrelada é a um poste; fazendo com que respeite a maré.
Todavia, podendo conter uma residência ou três, por arranjo.
Entretanto, os custos praticados na Holanda são inexequíveis no Brasil. Já que a renda per capita gira em torno de R$201.700,00, por lá, e, por aqui, de R$1.200,00.
E uma construção de 120 m² vale uns R$700.000,00.
Assim, requerendo uma adequação por parte de quem executaria a obra, com um projeto próprio para a realidade brasileira, do governo, com a isenção de impostos e a criação de um programa de créditos, e da população, que, enfim, dormiria no seco.
Matéria do Programa "América Tonight", da TV Al Jazeera
*Enviado para o jornal A Tribuna, em 20 de maio de 2019.