quarta-feira, 30 de junho de 2021

Coluna SNACK BAR - O Lado B da Humanidade: CURTINDO A VIDA ADOIDADO

            Em “A Gaia Ciência”, no trecho intitulado de “329 – Lazer e Ociosidade”, Nietzsche, seu autor, disse que o “... frenesi do trabalho – o verdadeiro vício do novo mundo – já começa a contaminar a velha Europa, a torná-la selvagem ao propagar uma falta de espírito de todo singular. Agora, se tem vergonha do repouso...”. “Um homem de boa origem escondia seu trabalho, se a miséria o constrangia a fazer um. O escravo trabalhava esmagado pelo sentimento de fazer alguma coisa de desprezível: - o próprio ‘fazer’ já era algo de desprezível”.
            Ou seja, trabalho é coisa de pobre.
            “Mas não dizem que o ‘trabalho dignifica o homem’?”, pode perguntar um incauto.
            Não! Só o lembra de que ele não tem onde cair morto.





            E, nessa esteira, em 1986, lançado foi o filme alcunhado de “Curtindo a Vida Adoidado” – “Ferris Bueller’s Day Off”; o “Dia de Folga de Ferris Bueller”.
            Todavia, a obra do diretor John Hughes tem no papel de protagonista o ator Matthew Broderick.





            Matthew Broderick que com tanto empenho desempenhou a função que deu a impressão de que perdeu a paixão.
            Tudo porque essa atuação ofuscou a que perpetrara, em 1985, como Phillipe Gaston, em “O Feitiço de Áquila” e a que fez, em 1989, ao dar vida a Adan McMullen, ao lado de Dustin Hoffman e do lendário Sean Connery, em “Negócios de Família”.
            Ademais, o filme em questão trata da história de um sujeito que resolve cabular aula.
            Para tal, tendo um simples e bom argumento: “Não me importa se você tem 50 ou 07 anos, todo mundo precisa de um dia de folga, de vez em quando. É um dia lindo. Como alguém espera que eu vá para a escola?”





            Todavia, uma má interpretação do conceito da trama fez com que ela fosse levada à TV, como uma série – a famosa sitcom –, com Charlie Schlatter no papel principal. E com o que, hoje, é uma curiosidade: Jennifer Aniston, em início de carreira. Pois ela deu forma a Jeannie Bueller, a irmã de Ferris.
            “Mas qual é o problema da série?”, pode indagar o incauto.
            O fato de ser uma série.
            E é por isso que ela teve apenas uma temporada de 13 episódios, entre os agostos de 1990 e 1991.
            Posto que o mote do filme está em contar uma história que se passa em um dia. Um dia anacrônico. E a série teria que tornar o anacronismo crônico. Logo, em algum momento, Ferris teria que pegar a mochila e ir para escola, com o fim de sair da rotina.
            Ademais, no meio do filme, Ferris Bueller entra em uma parada. Onde, sobre um carro alegórico, dubla a canção Twist and Shout – “Agite e Grite” –, na versão dos Beatles.





            Com isso, comprovando a atemporalidade da sua música.
            Aliás, dando desfecho a uma jogada de mentalismo.
            Tudo porque as pessoas chegaram a esse momento do filme querendo ouvir os Beatles; e sem saber por quê.
            Porque a Fab Four foi citada no começo da película. Quando Ferris diz que: “Uma pessoa não deveria acreditar em ‘ismo’”.
            Aqui se abrindo uma lacuna para falar que ideologia só serve para quem não sabe pensar. E que, por falta de ideias próprias, se escoram nas dos outros.
            Sem mais, ele continua: “Ela deveria acreditar em si mesma. John Lennon disse isso em seu 01º álbum solo: ‘Eu não acredito nos Beatles / Apenas creio em mim’”.
            Contudo, os Beatles não precisam que alguém neles creia. Que os ouçam, apenas.
            No caso, se atendo à energia que a voz de John Lennon transmite em Twist and Shout.





            Twist and Shout que é de autoria de Phil Medley e Bert Russell. E cuja 01ª gravação foi feita pelo Top Notes, em 1960. Sendo que 02ª foi efetuada pelo Isley Brothers, em 1962.





            Em 1963, alcançando sua 03ª de definitiva versão ao ser lançada no álbum Please Please Me, o 01º dos Beatles.
            Ademais, qualquer exame de DNA constataria que Twist and Shout é a filha bastarda de La Bamba.
            O que alguns tentam contemporizar com o papo de que entre ambas há uma progressão de acordes.
            Mas que, na prática, se trata de um plágio.
            Dado que La Bamba é uma música de domínio público; órfã de mãe e de pai.
            Por tanto, sem quem reivindique suas cifras.
            E ascende do folclore mexicano.
            Ora que é muito tocada em festa de casamento.


            Com a sua 01ª gravação sendo ocorrendo em 1939. No álbum de Alvaro Hernández Ortiz, o vulgo El Jarocho.





            “Jarocho” que é o qualificativo do nativo de Veracruz, uma cidade do México. Onde, provavelmente, nasceu La Bamba. Pois o seu ritmo é o son jarocho.
            Com o detalhe de que “jarocho” é o termo que discrimina um bruto. Um caipira. Visto que é oriundo do árabe hispânico “harrúg”, que significa "irado".





            Ademais, sua principal gravação foi feita por Ritchie Valens, em 1958.





            Mas onde é que se deu o cruzamento de guacamole e tequila com fish and fries?
            Para se chegar a essa resposta, deve-se entender que o rock é um subgênero do country. Que, por sua vez, uma vertente é da música celta, que os irlandeses levaram para o oeste norte-americano.
            Sendo que, durante essa metamorfose, ocorreu uma considerável perda de informação. E, em decorrência disso, o rock’n’roll se reduziu a 03 acordes – Ré maior, Lá maior e Mi maior.














            O que faz com que ele não se sustente sozinho.
            Em função disso, escorando-se (ou, como se venturou falar, buscando influência) em outros ritmos. Assimilando, assim, o exotismo da música indiana, a complexidade, incluindo a chatice, da música dita erudita e a lubricidade da música latina.
            Tanto que a canção (I Can’t Get No) Satisfaction, que os Rolling Stones gravaram no álbum Out of Our Heads, em 1964, é um chá-chá-chá disfarçado de rock.





            O que foi detectado por Johnny Rivers, que, na 10ª faixa do álbum At The Whisky a Go Go, fez um medley de La Bamba e Twist and Shout.





            Ademais, em 03 de outubro de 2018, no conto “As Garotas da Casa ao Lado*”, que publicado foi no Mochileiro Místico, a concupiscência mencionada foi explorada na (per) versão de La Bamba que ganhou a alcunha de “La Bunda”.
            Em cujos versos se lê: “Quero comer uma bunda / Quero comer uma bunda/ Uma bunda legal / Uma bunda legal / Com o meu pau / Arromba a bunda / Arromba a bunda”.


quarta-feira, 2 de junho de 2021

Coluna SNACK BAR - O Lado B da Humanidade: PERDIDA NA ESTRADA

(De Mateusz Duarte & Renato Pop; Voz e Violão, Angélica Vanessa)





            Você deu mancada
            E fiquei danada
            Perdida na estrada
            Com uma aliança
            Toda enferrujada
            Pedindo carona
            Com dor no coração
            Pra qualquer caminhão


            Você deu mancada
            E fiquei danada
            Perdida na estrada
            Igual à cadela
            Que foi rejeitada
            Pedindo carona
            Com dor no coração
            Pra qualquer caminhão


            Eu que dei mancada
            E fiquei danada
            Perdida na estrada
            Pelos motoristas
            Sendo desprezada
            Lá no acostamento
            No breu da escuridão
            Que nem assombração


            Eu que dei mancada
            E fiquei danada
            Perdida na estrada
            Vestindo o vestido
            Com que me trajava
            No meu casamento
            No breu da escuridão
            Que nem assombração

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