quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Da Série "Sonetos Para a Juventude": SEUS PIERCINGS

            Foi durante a ressaca dum Natal
            Que você me afogou com sua doce alma
            Ao me pregar um beijo sem igual
            Que, logo, me acordou da paz mais calma

            E ascendemos ao afã dessa emoção
            Na hora em que seus piercings se entortaram
            E sob as intempéries da aflição
            A minha pele quase perfuraram

            E, assim, de tanto e tanto transpirar
            Então demos adeus a nossas vestes
            Deixando nossos corpos a pingar

            E, enquanto vi você servir de andor
            Aos poucos, me perdi pelos meandros
            Da rota torta e sem volta do amor

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Coluna SNACK BAR - O Lado B da Humanidade: ORAÇÃO DO PESCADOR (Uma Ode à Sereia de Água-Doce)





            ORAÇÃO DO PESCADOR
            (Mateus Duarte & Eduardo Knaip)

            Um dia, me perdoará
            O que não nadará
            O peixe que, na panela
            Ao molho, virá a jazer
            E, na chama, se aquecer
            Para, aos verdes olhos dela
            A ruiva que quero amar
            Um banquete se tornar
            Tornando-a muito mais bela

            Já que só se pode ver
            Já que só se pode ter
            Aquilo que se modela

            Um dia me perdoarei
            Pela vida que tomei
            Do meu Rio Jurubatuba
            Num instante de torpor
            Para à solidão me opor
            Sob um céu que se desnuda
            Sobre o sonho de um ateu
            Que, por egoísmo, sou eu
            E, por isso, me amiúda

            Já que só se pode ver
            Já que só se pode ter
            Aquilo que se procura

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

RETRÔ GIRL (O Ensaio de Marcela Pignatari para a Playboy)

            “Quão belos se tornaram os seus passos, em suas sandálias, oh bem nascida! As curvaturas de suas coxas são como ornamentos esculpidos pelas mãos dum artesão. Seu umbigo é uma taça redonda. Que não lhe falte o mais perfumado vinho. Seu ventre é um monte de trigo, cercado de lírios. Seus peitos são como as crias gêmeas duma gazela.” – são alguns dos versículos que constam no “Cântico dos Cânticos”, de autoria do Rei Salomão.
            Uma peça que tinha o propósito de, como um auto pré-nupcial, instruir os nubentes quanto à necessidade do homem de usar a mulher como mulher. E a qual, por mais que apreciasse o cheiro de um “velcro”, a facilitar as coisas.
            Tudo, porque as comunidades do período pré-cristão – vulgo: pagão – entendiam que o sexo era uma dádiva divina. E, por tanto, um ato litúrgico.
            Uma ação que, na era cristã, passou a ser coibido por meio da monogamia.
            Moldando a sociedade de um modo nefasto.
            Posto que, como um código moral artificial, ela, no fim, restringia a religiosidade masculina.
            Porém, por meio da sua capacidade de se adaptar às adversidades, o homem descobriu que a “canastrice” é o contraponto da “caretice”.
            Elegendo o litoral como local ideal para comprovar sua tese.
            Pois é o lugar onde, em geral, toda mulher fica quase (quando não) nua. Com o fim de se exibir, sem ser taxada de vadia. Já que ninguém aprecia uma mulher vulgar. E também porque é o local em que a cuja que, em outra circunstância, seria sua eventual censora, tem a oportunidade de se tornar uma concorrente.
            Tudo que propicia ao homem (dentro de uma metáfora futebolística) a chance para, tal qual um técnico, escalar as reservas e a titular. Colocando-as na posição que melhor lhe convier.
            O que serviu de mote para a edição de Nº 474 da Playboy de novembro de 2014. Que foi conduzida por Angelo Pastorello – que, na publicação de julho de 2010, foi o responsável pelas fotos de Mônica Apor. E que, dessa vez, deu uma roupagem “vintage” à obra, ao levar Marcela Pignatari, a estrela do mês, para as areias escaldantes da praia de Maresias, em São Sebastião, em São Paulo. A praia que tomou o lugar do Guarujá. Pois é o local em que a elite paulistana – ou seja, o pessoal que carrega do Brasil nas costas – costuma curtir suas férias de verão.
            Onde, à sombra de uma Kombi “de blusa branca e saia amarela”, ela incorpora a “farofeira pós-moderna”. Ou a mulher que, hoje, está ao alcance da pica do cidadão comum. Já que seu corpo se encaixa no padrão “inacessível” de beleza dos anos 1970 e 1980. Em que pesava a fragilidade orgânica. Contrastando com os códigos contemporâneos – que fazem a beleza deixar de ter a passividade de uma armadilha para se tornar uma arma.
            Contudo, essa galega carrega nos peitos um elo com os anos 2000. Pois, por serem lapidados em laboratório, se assemelham a um par de ovos fritos.
            Somando-se uma bunda que teria vaga nos anos 1990. Dado que é comunicativa. Do tipo que diz: “Chega com calma. Mas vem!” Porém, sem se expor ao ridículo. Já que, com sua lábia, ela dissuadi qualquer desvalido da ideia de que “o tamanho da ‘vara’ é indiferente à ‘magia’ que ela pode proporcionar”.
            Enquanto a vagina destoa dos anos 2010, pelo fato de não ser careca. Não que seja cabeluda a ponto de servir de tema para uma caneta floaty. Mas remete à memória a imagem de um ramo de trigo. Cuja haste nasce da ilusão de óptica proveniente da sombra criada pela junção das ninfas.



segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Coluna SNACK BAR - O Lado B da Humanidade: A LOIRA DA LOJINHA (Ou o Samba do Voyeur)






            A LOIRA DA LOJINHA

            (Ciro Carvalho & Mateus Duarte)

           

            De muamba ela manja
            E de guria se veste
            Sempre requenta a canja
            E entorna a caipirinha
            Com lasca de laranja
            Mexendo a cinturinha
            Como o “malaco” gosta
            A loira da lojinha
           
            Ela adora o xaveco
            Dum marmanjo casado
            Mas para no boteco
            E então dorme sozinha
            Pois quer os pandarecos
            De virar a rainha
            D’algum craque da bola
            A loira da lojinha
           
            Ela abusa da sorte
            E diz tudo o que pensa
            Apenas por esporte
            Tendo na ladainha
            Uma marcante e forte
            Fala de “manezinha”
            Mais um imundo xingo
            A loira da lojinha
           
            Ela cuida do corpo
            Em praia de nudismo
            Pois não quer ser o porto
            De nenhuma marquinha
            Que tenha a cor dum morto
            Ao ficar sem calcinha
            De frente para o espelho
            A loira da lojinha






Todavia, há um ditado que afirma o seguinte: "a boa mulher é aquela que perdeu a virgindade e manteve a classe". Contudo, como é possível manter a "classe" se se cultua o axioma que prega que "o aspecto proveitoso da fidelidade é que ela comprova o quão prazerosa é a promiscuidade"?
Simples: criando uma sociedade paralela. Em que a distorção social transforma a fraqueza em virtude.
Assim, um grupo de misses embarcou em uma cruzada contra a real razão de seu fracasso: a competência alheia. E se deparou com o sucesso da incompetência: ou seja, o acaso.

 
A Quadrilha das Misses Assassinas*
(*disponível nas melhores bancas e livrarias)

http://www.clubedeautores.com.br/book/124263--A_Quadrilha_das_Misses_Assassinas


Financie o Mochileiro Místico

https://apoia.se/mochileiromistico

VENERÁLIA

​ Na segunda, dia 01 de abril de 2024, se comemora a chegada da Venerália - a festa em homenagem a Vênus, a deusa romana do amor. Recom...