ORAÇÃO DO PESCADOR
(Mateus Duarte & Eduardo Knaip)
Um dia, me perdoará
O que não nadará
O peixe que, na panela
Ao molho, virá a jazer
E, na chama, se aquecer
Para, aos verdes olhos dela
A ruiva que quero amar
Um banquete se tornar
Tornando-a muito mais bela
Já que só se pode ver
Já que só se pode ter
Aquilo que se modela
Um dia me perdoarei
Pela vida que tomei
Do meu Rio Jurubatuba
Num instante de torpor
Para à solidão me opor
Sob um céu que se desnuda
Sobre o sonho de um ateu
Que, por egoísmo, sou eu
E, por isso, me amiúda
Já que só se pode ver
Já que só se pode ter
Aquilo que se procura