Em Drácula, seu livro, publicado em 1897, Bram Stoker fez alusões a várias lendas do Leste Europeu. Como a das Sudice. Três velhas que se aproximavam de um recém-nascido e profetizavam o seu destino.
Que ele reeditou como as “Irmãs Estranhas”.
Ou talvez, as herdeiras de Lilith.
Sim, daquela que, segundo a mitologia judaica, foi a primeira consorte de Adão. E que, porque, como o dito, também era oriunda do “barro”, quis impor o seu matriarcado. O que não foi aceito. Levando-a a se exilar no plano astral.
Contudo, sua fama foi conservada sob a alcunha de um “bicho-papão”. Primeiro, com a incumbência de devorar as crianças desobedientes. Em segundo, as acompanhando durante a adolescência, como um “agente ‘antimasturbação’”. Um Súculo! Que as excitaria no campo onírico, com o fim de levá-las à prática do onanísmo. E comprometê-las religiosamente; tal qual como consta em “Gênesis 38:6-10”.
Todavia, a troica de beldades libidinosas e munidas de habilidades paranormais tomou o espaço que o “geriatrismo fantasmagórico” amealhara e se perpetuou, principalmente, por meio da “Sétima Arte”. Em filmes que mesclam terror e ação, como “Van Helsing”, e até em películas românticas, como as “Bruxas de Eastwick”.
Assim, na edição de Nº 464 da Playboy de janeiro de 2014, a sombra das Irmãs Estranhas voltou a atiçar a lubricidade masculina, por acidente. Com a vantagem de que, por ser “de maior”, o leitor não precisa se preocupar com bobagens. E, portanto, pode por as mãos na obra e folhear a revista.
Vendo que, sob o olhar do fotógrafo Sergio Kovacevick, Fernando de Noronha se tornou o “passo seguinte” para as divas que, em 2013, dividiram o título de “Bela da Praia” – uma espécie de “Miss Brasil” do litoral.
Contudo, derrapando na proposta. Que era a de estimular a imaginação do leitor com um ensaio “assexuado” e com poucas fotos.
Assim, lhe ofertando a fantasia erótica que resulta de um algoritmo em que se combinam três mulheres nuas e uma ilha deserta.
Três mulheres que, dentro da ideia, deveriam ser mantidas em distintos pontos da localidade, com o fim de que seus ciclos menstruais não se calibrassem. E, com isso, ter uma para o “café da manhã”, outra para o “almoço” e a última para o “jantar”.
Logo, começando por Veridiana Freitas. A que melhor se adequou ao conceito do ensaio. Ao interpretar os trejeitos da menina que, por falta de malícia, não vê problema em saracotear pelada pela praia. Sendo que, a despeito da dramaticidade, ela também destoa das demais no que se refere à cabeleira; que, ao contrário das duas morenas, se aparece com uma crina loira. Mas se equipara nos seios – que são esculturas em silicone – e na depilação “brasileirinha” – que, no seu caso, revela uma “ingênua genitália”.
Consequentemente, Fernanda Lacerda conseguiu ser a mais desinibida das três. Ao declarar que, “certa vez, invadiu a cabine de um guarda-vidas para trepar com o namorado”. E, também, por carregar no olhar a austeridade da fêmea que não se acanha na hora de saciar as carências da pele. Uma pele que, por conta da parcimônia de imagens, não foi devidamente explorada.